24 de abril de 2024 15:10

Brasil

Casal ‘acumulador’ morre com um dia de diferença; conheça a compulsão que fez idosos recolher 80 animais de rua

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Familiares, vizinhos e amigos do casal de idosos Carlos D’Aguiar, 79 anos, e Terezinha de Jesus D’Aguiar, 85, buscam uma saída para abrigar e cuidar de cerca de 80 cães e gatos deixados no quintal da casa deles, em Salto de Pirapora (SP), após o casal morrer neste mesmo fim de semana.

Juntos há mais de 40 anos, o casal era acumulador compulsivo e recolhia animais abandonados nas ruas, resultando em cerca de 60 cães e 20 gatos abrigados, agravando as condições de higiene e de moradia da casa. Carlos morreu no sábado (16) e Terezinha, no domingo (17).

Nos últimos dias, o casal estava abrigado na casa de José Aldo Fernandes Ramos, vizinho e dono de um supermercado próximo, que os acolheu pelos problemas de saúde. Ele conta que nos últimos dias, Terezinha estava debilitada e acamada.

 

A prefeitura da cidade foi acionada no começo de novembro para uma limpeza na casa dos idosos, que tinha sujeira, fezes e mal cheiro.

Segundo o vizinho, foram retirados quatro caçambas e dois caminhões de entulho e lixo acumulado, mas os 80 animais permaneceram. Doações de ração sustentam os cães e gatos enquanto um destino não é definido.

 

O Que São Acumuladores?

Conforme o nome sugere, os acumuladores são pessoas que possuem uma compulsão por determinados objetos ou, até mesmo, animais de estimação, o que faz com que elas acumulem esses itens em suas casas. Basicamente, se cria uma coleção de coisas, mas em proporções gigantescas, o que pode comprometer o espaço da casa, já que a quantidade costuma ser realmente grande, e até mesmo a higiene do local. Isso pode gerar isolamento social e culminar em outros transtornos, como a depressão, por exemplo.

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A acumulação compulsiva se diferencia de um vício porque o ato de acumular não gera prazer como acontece em relação ao abuso de uma substância, por exemplo. Na realidade, o indivíduo deixa de se desfazer de algo para evitar sentir uma forte angústia. Nesse sentido, a diferença está na motivação desse comportamento, que não é a busca por uma sensação prazerosa e sim para se proteger de um sofrimento. Entretanto, essa dor acaba vindo através de outros meios, por conta dos transtornos gerados pelos acúmulos.

Fatos Sobre a Acumulação Compulsiva

Muitos pesquisadores se dedicam a entender o que está por trás do comportamento de um acumulador, a fim de encontrar maneiras para evitar e tratar o problema. Veja, a seguir, alguns fatos que foram descobertos sobre o transtorno.

Estima-se que uma a cada cinquenta pessoas seja uma acumuladora compulsiva.

A acumulação é considerada uma forma de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo. Contudo, a acumulação compulsiva pode afetar também pessoas que não possuem TOC.

A compulsão geralmente se inicia na infância e adolescência, mas se torna grave na fase adulta, que é quando o indivíduo tem maior autonomia sobre a sua vida.

Na maioria dos casos, a acumulação não é gerada pelo prazer de adquirir algo e sim pelo medo de se desfazer de um item. Então, para evitar a angústia, o indivíduo conserva aquele objeto consigo.

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Uma característica bastante comum aos acumuladores é o perfeccionismo, pois eles têm medo de tomar a decisão errada e descartar algo que possam precisar no futuro.

A acumulação pode acometer pessoas de uma mesma família e vir acompanhada de transtornos como depressão, ansiedade, entre outros.

Os acumuladores não costumam se dar conta de que têm algum problema, geralmente as outras pessoas veem aquele comportamento como uma mania.

Em grande parte dos casos, os familiares apenas percebem que há algo errado quando os acúmulos começam a gerar transtornos.

Os Principais Sinais da Acumulação Compulsiva

É preciso saber diferenciar um indivíduo que apenas tem uma grande quantidade de objetos de um acumulador, pois nem toda bagunça pode ser considerada um acúmulo. Saiba quais são os sinais da acumulação para identificar se você ou alguém próximo apresenta esse tipo de comportamento.

1 – Casa Extremamente Desorganizada

Toda casa fica desorganizada algumas vezes, entretanto quando a bagunça se torna o estado normal do ambiente e isso passa a afetar a vida daqueles que convivem ali, pode ser sinal de compulsão. A casa de um acumulador tende a se tornar insalubre por conta do excesso de objetos.

2 – Partes da Casa Se Tornam Inutilizadas

O número de objetos fica tão grande que partes da casa se tornam inutilizadas. Muitos, inclusive, se desfazem de móveis importantes para o seu conforto para que mais itens possam entrar. Assim, o quintal, quartos e outros cômodos se transformam em verdadeiros depósitos.

3 – Não Há Organização

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Indivíduos que colecionam determinados itens costumam mantê-los organizados para que possam ser facilmente vistos e, claro, conservados. No caso do acumulador, não há nenhum tipo de organização e, em grande parte dos casos, os objetos ficam amontoados pela casa, sem nenhum tipo de cuidado especial.

4 – Os Objetos Acumulados Geralmente Não Possuem Valor

Um colecionador costuma guardar coisas que tenham algum tipo de valor, como, por exemplo, discos, livros, canecas, entre outras. Já muitos acumuladores guardam coisas que não possuem nenhum tipo de valor ou utilidade, como papéis, roupas velhas, embalagens de produtos e objetos quebrados.

5 – O Acúmulo Pode Ser de Animais

Os acúmulos não são apenas de objetos, existem muitos casos de indivíduos que acumulam animais de estimação em suas casas. Geralmente, eles acolhem cães e gatos de rua com a intenção de protegê-los e acabam os submetendo a condições insalubres, por conta falta de higiene do ambiente e por não possuírem condições de alimentá-los. Nesses casos, é fundamental que os animais sejam encaminhados a quem possa cuidar deles adequadamente e o acumulador passe por um tratamento psicológico.

6 – Isolamento Social

Para evitar críticas de seus familiares e conhecidos, os acumuladores tendem a se isolar, o que se torna ainda pior quando vivem sozinhos em uma casa. Geralmente, eles se esquivam de pessoas que se oferecem para visitá-los, já que, em muitos casos, não há espaço para que a visita se acomode no sofá, por exemplo.

 

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