23 de abril de 2024 13:34

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Morte de adolescente foi usada para conquista de curtidas e seguidores nas redes socias

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Morte de adolescente foi usada para conquista de curtidas e seguidores nas redes socias

Como a maioria dos adolescentes, Bianca Devins, de 17 anos, passava grande parte de seu tempo conectada à internet.

Há uma semana, ela escreveu em uma plataforma online de games sobre como ficou feliz por viajar cerca de 650km de sua casa para Nova York para assistir a um show no dia de 13 de julho, um sábado. Mas, antes que pudesse voltar daquela viagem, a jovem foi morta.

O relacionamento que ela teve com o homem acusado de matá-la ainda não foi esclarecido, mas foi descoberto poucas horas depois de sua prisão que ele havia compartilhado fotografias do assassinato na internet.

Desde então, a história de Devins foi compartilhada em todo o mundo, assim como as imagens de sua morte, no mais recente caso a levantar questionamentos sobre os controles que as redes sociais devem implementar para este tipo de conteúdo.

O que se sabe sobre o assassinato

“Lá vem o inferno, isso é a redenção, certo?” Brandon Andrew Clark publicou este trecho da música ‘Black Cadillac’, do grupo de rock Hollywood Undead, para seus seguidores no Instagram.

Depois, compartilhou uma imagem perturbadora: uma foto com a frase “desculpa, Bianca”, na qual era possível reconhecer o torso ensanguentado de uma mulher. A vítima era Bianca Devins.

A polícia acredita que Clark e Devins se conheceram por meio do Instagram há alguns meses e haviam se encontrado pessoalmente desde então.

Naquele sábado, Clark levou Devins em seu carro da cidade de Utica, onde morava, para Nova York, para assistir à apresentação da cantora canadense Nicole Dollanganger.

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Autoridades dizem que, no caminho de volta, o casal teria travado uma forte discussão por ciúmes – possivelmente, ela teria beijado outro homem na ocasião – e, como resultado, Clark teria atacado Devins com uma faca e a matado.

A polícia diz que o suspeito compartilhou uma imagem ainda mais explícita do corpo de Devins na Discord, uma plataforma de mensagens amplamente usada por jogadores de games, em que apareciam as feridas que ele teria causado no pescoço da adolescente.

As capturas de tela da foto – que já foram apagadas da Discord – mostram que Clark compartilhou a imagem às 6h do domingo no horário local. Os amigos de Devins que viram a imagem começaram a perguntar, bastante preocupados, se era real, enquanto Clark continuava a publicar conteúdo agressivo e frases ofensivas para os outros usuários.

 

Os membros da plataforma alertaram outros usuários não apenas na Discord, mas também na rede Snapchat. A polícia de Utica disse ter recebido “inúmeras” ligações, algumas de outros estados dos Estados Unidos, sobre as publicações perturbadoras. As autoridades dizem que Clark também ligou para a polícia e fez “declarações incriminatórias”.

Quando um policial, depois de rastrear a chamada, o encontrou em uma área arborizada, Clark começou a se esfaquear no pescoço enquanto tirava fotos e as publicava na internet.

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Clark foi preso e transferido para um hospital. Um dia depois, após uma cirurgia de emergência, ele foi acusado de matar Devins.

Como as fotos se espalharam

Até agora, o Instagram não confirmou quando recebeu as primeiras denúncias sobre as imagens que Clark publicou.

As fotos começaram a se espalhar além do círculo de amigos de Devins no dia 14 por meio de outras redes, geralmente acompanhadas de informações erradas ou incompletas. Na tarde daquele domingo, a imagem chegou ao Twitter, onde também foi amplamente compartilhada. Usuários na rede social denunciaram quem compartilhou as imagens.

Vários usuários do Instagram dizem que suas queixas feitas a esta rede social foram rejeitadas porque Clark supostamente não teria violado as regras de uso da rede social.

Quando a BBC consultou o Instagram sobre a questão, a empresa disse que não sabia por quanto tempo a postagem original de Clark ficou no ar, mas capturas de tela indicam que elas permaneceram acessíveis por mais de 20 horas.

James Densley, professor de Justiça Criminal em Minnesota, diz que esse exposição pública de atos de violência pode gerar traumas em quem vê essas imagens e, ao mesmo tempo, revitimiza Devins.

 “Geralmente, queremos que as pessoas descansem em paz. Ela não pode fazer isso, porque está no centro dessa infâmia virtual que se perpetua sempre que sua foto é compartilhada”, explica Densley.

 Violência e extremismo na internet

As primeiras pessoas a falar do assassinato foram os usuários da plataforma 4chan, uma rede em que é possível postar anonimamente. Tanto este site quanto sua versão mais extrema, o 8chan, se tornaram notórios nos últimos anos por causa da retórica cada vez mais radical usada por alguns de seus membros e ligações com uma série de atos violentos.

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 Por exemplo, antes dos atentados em duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, em março deste ano, em que 51 pessoas foram mortas, o manifesto do suposto agressor foi publicado no 8chan. Ele próprio transmitiu o tiroteio ao vivo, por meio do Facebook.

 E, antes do massacre, enviou uma mensagem: “Inscreva-se no PewDiePie”, referindo-se a uma popular conta do YouTube. Essa mesma mensagem irônica foi usada por Clark depois de postar fotos da morte de Devins na Discord.

 Para Robert Evans, um jornalista especializado em extremismo na internet, essa mensagem e outros comentários que o suspeito teria feito ecoam a linguagem violenta usada nessas comunidades online radicais. 

 

Tanto o suspeito quanto Devins usaram o 4chan no passado. De fato, naquele domingo, os usuários deste fórum comemoraram “outro assassinato no 4chan”. Discutiram a morte de Devins em termos ofensivos e misóginos e transformaram imagens de seu corpo em memes.

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