19 de abril de 2024 17:22


Tocantins

MPE abre investigação sobre caso de intolerância religiosa em cemitério de Nova Rosalândia; entenda

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MPE abre investigação sobre caso de intolerância religiosa em cemitério de Nova Rosalândia; entenda

O Ministério Público Estadual abriu procedimento, nesta segunda-feira (18) para investigar um suposto crime de intolerância religiosa, praticado em Nova Rosalândia, no dia de Finados, 2 de novembro. No dia, um grupo de umbandistas foi hostilizado enquanto fazia homenagens a parentes que estão enterrados no local e que eram fiéis da religião. Os praticantes da umbanda foram intimidados e alvo de uma nota de repúdio da Câmara de Vereadores da cidade.

O MPE informou que os fatos serão investigados pela Promotoria de Justiça de Cristalândia, com o objetivo de apurar responsabilidades e embasar possíveis medidas judiciais e extrajudiciais que venham a se mostrar necessárias.

Destacou ainda que a liberdade de crença, o livre exercício dos cultos religiosos e a proteção às liturgias e aos locais de culto são garantidos pela Constituição Federal.

Entenda

O grupo alvo do suposto crime frequenta um terreiro de umbanda em Paraíso do Tocantins e estava em Nova Rosalândia para fazer homenagens a parentes mortos, por meio de um ritual com pipoca.

Um vídeo mostra o momento em que um homem diz que não vai permitir a presença do grupo no cemitério: “Aqui, hoje, macumbeiro não faz macumba”, diz.

“Colocar pipoca no túmulo é para levantar a alma que tá na terra, que não tem poder de subir. É para maneirar o pecado que ela tem para subir [sic]. É um agrado para as almas, as pessoas que já foram a gente faz aquele agradecimento para elas e ficam felizes”, disse a zeladora de santo, Maria da Paz.

A confusão aconteceu na véspera e também no Dia de Finados. Os umbandistas também foram acusados de sujar o cemitério. “A sujeira na qual ele falava, que estava se referindo, era a pipoca. Que a pipoca, acho que todo mundo sabe que é orgânica. O que é sujeira para mim foi o que eu mostrei para eles: são coroas de flores que estão lá jogadas, são entulhos que estão jogados”, diz a estudante Thuany Carvalho, que gravou o vídeo.

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Em um momento da gravação o homem aparece com um pedaço de madeira na mão. Ele hostiliza o grupo e chega a agredir a estudante fisicamente. A Polícia Militar esteve no local e um boletim de ocorrência foi registrado.

A Câmara de Vereadores da cidade divulgou uma nota de repúdio contra os umbandistas e não citou nada sobre o ato de violência que o grupo sofreu. Os umbandistas são acusados de praticar atos de “magia negra”, quebrar e jogar objetos dentro dos túmulos. A nota, assinada por oito vereadores e pelo presidente da casa, ainda fala em “insanidade” e pessoas “psicologicamente desequilibradas”.

Na época, a Câmara disse que mantém a nota de repúdio e que apesar de entender o artigo da Constituição, que protege as manifestações religiosas, acha que esse direito não pode atropelar os direitos das outras pessoas, quando se trata de: “atos de vandalismo, quebra de túmulos e sujeiras deixadas no cemitério”.

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Sobre o lixo os restos de coroas de flores, plásticos e papéis, a prefeitura de Nova Rosalândia disse que está fazendo a limpeza e instalando um portão no cemitério.

O homem que aparece no vídeo hostilizando o grupo disse que não é contra nenhuma religião, apenas não tolera o que chamou de “atos de vandalismo”, se referindo aos objetos deixados no cemitério, que fazem parte dos ritos da umbanda. Disse ainda que utilizou a madeira, apenas para se defender, pois estaria sendo ofendido pelo grupo.

Com informações G1 TO

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