19 de março de 2024 06:03

Plantão Policial

Violência contra as mulheres: Vítima de estupro coletivo em Palmas relata traumas que carrega após o ato de violência

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Violência contra as mulheres: Vítima de estupro coletivo em Palmas relata traumas que carrega após o ato de violência

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, nesta quarta-feira (25), uma moradora de Palmas relembrou quando foi vítima de um estupro coletivo anos atrás na capital. Mais de 140 casos de estupro foram registrados no Tocantins em três meses, entre julho e setembro deste ano. Do total, 123 eram crianças ou outras vítimas vulneráveis.

O crime aconteceu há anos, mas a mulher ainda revive o trauma todos os dias mesmo passando por tratamento psicológico. Ela, que por medo preferiu não se identificar, conta que foi levada por três homens para um matagal, onde os abusos aconteceram.

“Era um lugar assim que não tinha morada, não tinha casa. Era só mato. Me levaram para lá e começaram a fazer o revezamento. Dois seguravam, um ia e me estuprava. Depois o outro… Me bateram, me jogaram no chão. Me bateram demais e eu não tinha reação”, lembra.

A vítima conta que durante o crime pensou que seria assassinada, mas por causa da violência não conseguiu reagir. “Um falava assim: vamos matar ela?’. E o outro falava: não. Não mata, não. Eu não me importava com aquilo. Para mim tanto faz se eu morresse, se não morresse. Eu estava em uma situação que eu tinha saído de mim”, desabafou a vítima.

A mulher conta que na época procurou a polícia, mas disse que não recebeu atendimento adequado. “A delegacia estava começando a ser implantada na cidade. Então assim, era muito nova a Delegacia da Mulher. Eu fui muito mal atendida pela delegada. Eu fiquei traumatizada”, lembra.

Depois da violência sexual ela teve depressão e desenvolveu problemas de insônia, que continuam sendo tratados.

“Não é uma coisa que você esquece. Está marcado na alma, na vida. Eu faço tratamento de depressão. Sempre fiz psicoterapia, terapia… E sempre tomo medicamentos. Eu não durmo sem remédios. Tenho muitos pesadelos até hoje”, disse a vítima.

Com o início da pandemia do novo coronavírus, as Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher e a Vulneráveis do Tocantins reduziram o horário de atendimento. As unidades abrem de 8h até 14h.

A delegada especialista em defesa da mulher, Graziela Reis, conta que denunciar é percorrer metade do caminho para que os agressores sejam punidos. “É uma decisão que nós sabemos que não é fácil por toda a estrutura de julgamento que essa vítima sabe que vai enfrentar. Mas é absolutamente necessário porque sem denunciar e sem escancarar o quanto esse crime de estupro é rotineiro, a gente não vai ter avanços”, explicou.

A delegada explica que o ideal é procurar uma delegacia especializada e que depois a vítima receba assistência de um advogado. Se não tiver condições financeiras para um contrato privado, a Defensoria Pública deve ser procurada. “A burocracia é necessária […] para que se possa apontar quem foi o estuprador”, disse Graziela Reis.

Gleys Ramos, que é coordenadora do Observatório Feminista da Universidade Federal do Tocantins (UFT) acredita que a redução na quantidade de denúncias pode estar ligada ao atendimento recebido em unidades policiais.

“Há um senso comum de que isso [o crime] não será resolvido e de que elas não serão acolhidas. O caso da Mariana Ferrer deixa isso muito evidente. De como as mulheres são tratadas em espaços em que ela deveria ser acolhida”, disse Gleys Ramos.

Ela lembra ainda que mulheres de vários grupos estão vulneráveis ao crime de estupro. “A mulher que está na rua, a mulher que está numa festa, a mulher que está dentro de casa. A gente não pode deixar de coloca que existem estupros domésticos entre casais. A mulher não é obrigada a consentir”, explicou.

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Ouvido pelo Portal Sou de Palmas, o Tenente Coronel PM de Souza comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar de Palmas informou que a PMTO está trabalhando assiduamente na defesa dos direitos das mulheres. Foram implantadas novas ações para atender essas demandas, como a criação da Patrulha Maria da Penha, a qualificação profissional continuada voltada para atendimento da mulher em situações de vulnerabilidade e o atendimento 24h por dia através do 190, mesmo no momento da Pandemia.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

 

A Secretaria da Segurança Pública informa que no Tocantins as denúncias sobre crimes contra a mulher podem ser feitas em todas as unidades policiais e especialmente nas Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher (Deams). Normalmente tanto nas Deams quanto nas Deams-V (Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher e a Vulneráveis), o atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas, mas em razão de Decreto Estadual alusivo à pandemia do novo Coronavírus para reduzir os riscos à saúde dos servidores e da população, o atendimento passou a ser realizado das 8 às 14 horas.

Em todo o Estado são 15 unidades, sendo 13 distribuídas em municípios que integram a oito regionais da Polícia Civil e três na Capital (Palmas), sendo duas unidades da Deams e uma Central de Atendimento à Mulher 24 Horas (CAM-24H).

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