24 de abril de 2024 21:13

Tocantins

‘PEC dos Pioneiros’: Comissão é criada para avaliar efeito da proposta e possível obrigação do Governo do Tocantins de readmitir 15 mil pessoas; veja detalhes

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'PEC dos Pioneiros': Comissão é criada para avaliar efeito da proposta e possível obrigação do Governo do Tocantins de readmitir 15 mil pessoas; veja detalhes

O governo do Tocantins criou uma comissão para analisar os efeitos jurídicos, administrativos e financeiros da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 397/2017, conhecida como PEC dos pioneiros, pela Câmara dos Deputados. O texto valida os atos administrativos praticados no Tocantins entre 1º de janeiro de 1989 e 31 de dezembro de 1994, podendo levar, inclusive, à contestação sobre a exoneração de mais de 15 mil pessoas aprovadas no primeiro concurso público do Tocantins.

A PEC ainda depende de promulgação pelo Congresso Nacional, mas segundo análise de secretários poderia levar o Estado à falência.

O texto da PEC diz que: “Art. 18-A. Os atos administrativos praticados no Estado do Tocantins, decorrentes de sua instalação, entre 1º de janeiro de 1989 e 31 de dezembro de 1994, eivados de qualquer vício jurídico e dos quais decorram efeitos favoráveis para os destinatários ficam convalidados após 5 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.”

De acordo com relatório feito pela Procuradoria Geral do Estado, a revisão dessas exonerações poderia causar consequências financeiras gravíssimas para o governo. Apenas o impacto na folha anual, considerando o décimo 13º salário e o terço de férias, seria hipoteticamente de R$ 1,6 bilhão (R$ 1.615.962.790,00).

Também haveria consequências para o Instituto de Gestão Previdenciária do Estado do Tocantins (Igeprev-TO), pois essas pessoas teriam, em tese, direito à aposentadoria com o salário atual da carreira, mesmo sem ter contribuído ao longo dos últimos 26 anos.

“Se essa PEC for realmente implementada, [servidor] ele terá direito a vir para o regime próprio com integralidade dos salários atuais, de acordo com a carreira dele hoje. Provavelmente vai entrar aí com um salário de R$ 10, R$ 15 ou R$ 20 mil conforme for a carreira desse servidor”, explicou o presidente do Igeprev, Charles Bezerra.

Segundo o secretário da fazenda, Sandro Henrique Armando, todos estes gastos deverão impactar a capacidade de investimento do Estado, o repasse para o judiciário e legislativo, assim como para o Ministério Público e Defensoria, além do pagamento das progressões para os servidores públicos.

“Quando determinaram a demanda dessa despesa para o Estado, com a recontratação desses servidores ou o pagamento desses servidores não diz de onde vem o orçamento. Então o Estado fica falido” , disse o secretário Sandro Henrique.

A análise feita pelo secretário de Planejamento, Sergislei Silva Moura, é de que se a PEC for implementada o Estado não conseguiria custear suas despesas básicas com transporte, água, energia e telefone, assim como os gastos com saúde e segurança pública, por exemplo.

Contestação

A Procuradoria Geral do Estado informou, durante um coletiva na manhã desta sexta-feira (9), que está preparando um posicionamento que será defendido em possíveis processos administrativos e judiciários, além de prever uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.

Segundo ele, a PEC pode trazer de volta atos jurídicos que tinham vícios e a própria administração pública reconheceu as falhas. Isso poderia impactar inclusive atos de desapropriação, emissão de títulos e outros.

“É incomensurável e incalculável o impacto financeiro, social e jurídico […] Vamos defender a inconstitucionalidade dessa PEC que ofende vários princípios constitucionais”, afirmou.

Entenda

Em 1990 foi realizado o concurso público do Estado do Tocantins e nomeou-se 15.910 aprovados, sendo que todos esses candidatos eram detentores do título Pioneiro do Tocantins e entraram no concurso com 30 pontos de vantagem por terem sido considerados ‘pioneiros’.

Os aprovados com esse benefício ficaram no cargo até o julgamento, no STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade 598, em 1997. Depois foram exonerados por meio de uma portaria.

O texto da PEC, que possibilitaria o retorno destes servidores, foi apresentado pelo ex-senador Vicentinho Alves em 2015 e foi aprovada por unanimidade no Senado Federal.

O texto passou para apreciação da Câmara dos Deputados em 2017 e desde então vinha tramitando até ser votada e aprovada na última quarta-feira (7). O relator da proposta foi o deputado federal Vicentinho Júnior (PL-TO).

Por: TV Anhanguera.

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